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A FOTOGRAFIA (parte I)

  • Foto do escritor: manuel botelho da costa
    manuel botelho da costa
  • 4 de jun. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 22 de jun. de 2022

(Apontamentos para as aulas da Universidade Sénior)


1- OS PRINCÍPIOS / OS PRIMITIVOS

Embora alguns autores coloquem o início da fotografia no tempo do Homem das cavernas e seus desenhos, terá sido a câmara escura o embrião daquela. Leonardo da Vinci e Johannes Kepler comparam a camera obscura à retina humana - o olho como caixa que guarda (guarda - olhar em italiano). Giovanni Baptista della Porta publica em 1553 um tratado sobre a câmara escura, a que chama Magia Natural.



A caminho da fotografia surge, ainda, pela mão de Giles-Louis Chrétien, o fisionotraço - técnica aperfeiçoada dos perfis em silhueta.



Em 1727, Johann Schulze, professor em Nuremberga, ao realizar experiências sobre a fotossensibilidade descobre que os sais de prata escurecem quando expostos à luz.

Com base nesta descoberta, Nièpce, Daguérre e Fox Talbot, e por esta ordem, vão chegar à fotografia.

Em 19 de Agosto de 1839 é anunciado o aparecimento da fotografia, em Paris. É um daguerreotipo. Este anúncio oficial, é feito por Louis Arago, político e membro da Academia, o qual convence o governo francês a comprar a patente a Daguérre. No entanto, a primeira fotografia permanente (heliografia) tinha sido obtida por Nicéphore Niépce em 1826. Trata-se de "Point de vue du Gras", vista da janela de propriedade do autor em França.


Nièpce usou uma placa de estanho, e como revelador, betume da Judeia e óleo de lavanda. A duração da exposição foi superior a oito horas.


2- OS PRIMITIVOS

Daguérre e o daguerreotipo

Louis-Jacques Mandé Daguérre era dotado de grande talento para o desenho, tendo trabalhado como cenógrafo teatral e pintor. Em 1829 associou-se a Niépce, conhecedor da ciência. Quando Daguérre obtem a sua primeira fotografia, já Niépce tinha falecido, mas ambos receberam o reconhecimento pela descoberta da invenção do daguerreotipo. O Estado francês concede uma pensão vitalícia a Daguérre e ao filho de Nicéphore Niépce - Isidore. Este facto provoca a liberização da fotografia e do seu uso e a exploração comercial em todo o mundo (excepto no Reino Unido).

Para a execução do daguerreotipo, Louis Daguérre utilizou o iodeto de prata e a revelação com vapor de mercúrio, obtendo um negativo em suporte de prata, o qual gerava um positivo - o espelho da memória.


Esta imagem - "Le Boulevard du Temple" - mostra bem a necessidade de longos tempos de exposição. Com efeito, só aparecem duas pessoas - um cavalheiro a engraxar as botas e o respectivo engraxador.


Talbot e o negativo em papel

William Fox-Talbot, cientista inglês, colaborou com Sir John Herschel, desenvolvendo experiências com a câmara escura e a fotossensibilidade. Os seus desenhos fotogénicos eram obtidos embebendo papel em nitrato de prata, sobre o qual colocava uma planta. A exposição ao sol faz surgir a silhueta em negativo.


Talbot usa, pela primeira vez, um fixador - o iodato de potássio, que elimina o nitrato de prata não impressionado. O aperfeiçoamento do processo permite aumentar a sensibilidade e reduzir os tempos de exposição. Em 1841 regista a patente, chamando ao processo calotipo (do grego - imagem "typos", bela "kalos"). Em 1844 publica "The Pencil of Nature", primeiro livro ilustrado com fotografias originais.



Fox Talbot é o percussor do processo do papel salgado e do negativo-positivo.


3- CONSTITUIÇÃO DO PROCESSO FOTOGRÁFICO

Elementos componentes da fotografia

Suporte - qualquer superfície capaz de receber uma substância sensível à luz. O exemplo mais importante é o papel, mas também se usaram chapas metálicas, vidro e plásticos.

Substância formadora da imagem - a substância responsável pela imagem exibida, sendo a prata a mais importante. O tamanho do grão e a forma do grão utilizado (prata fotolítica ou filamentar) são fundamentais no aspecto final e estabilidade.

Meio ligante - material transparente que aglutina os elementos formadores da imagem. Os mais importantes são:

Albumina - proteína existente na clara do ovo. Foi utilizada quer em negativos, quer em positivos.

Colódio - substância transparente, viscosa e muito volátil (dissolução de nitrato de celulose em éter e álcool). Tem que ser usado ainda húmido (senão torna-se impermeável).

Gelatina - proteína animal usada como ligante em provas fotográficas e negativos (muito sensível às variações de humidade relativa).


4- HISTÓRIA DOS PROCESSOS FOTOGRÁFICOS



Daguérreotipo (1839-1865) / referido nos "primitivos";

Papel salgado (1841-1855) / referido nos "primitivos";

Ambrótipo (1854-1870): o suporte é uma placa de vidro e a emulsão o colódio. A imagem formada é um negativo, gerando-se um positivo se se colocar um anteparo preto por detrás da placa de vidro. Bem mais acessíveis que os daguérreotipos, não teem a qualidade da superfície espelhada daqueles. São também apresentados em estojo.



Ferrotipo (1856-1890): imagem formada em colódio e sais de prata, sendo o suporte uma fina chapa de metal pintada de preto e envernizada, a qual gerava uma imagem positiva. Em geral era apresentada em estojo.




Papel de albumina (1847-1910): fotografia feita com solução à base de albumina, cloreto de sódio e nitrato de prata, colocada sobre papel muto fino. A partir de negativos em placa de colódio era feito o contacto com o papel albuminado, originando a imagem positiva. Era quase sempre colado em cartão.


Duas albuminas separadas por mais de cem anos. À esquerda, uma fotografia de José Moraes, em Luanda; à direita, uma fotografia do autor, em Sintra.


Cianotipo (1880-1920): a imagem é uma mistura de sais de ferro de cor azul (ferrocianeto de potássio e citrato de amónio e ferro), sem prata, dispersos nas fibras de papel, sem meio ligante. O desenvolvimento do processo deve-se a Sir John Herschel, cerca de 1840.


Impressão executada pelo autor



A fotografia pin-hole: a utilização de uma câmara escura, sem qualquer objectiva, permite-nos obter uma imagem negativa e invertida do objecto fotografado.


Negativo (naturalmente) obtido com uma lata "carregada" com papel fotográfico e sem qualquer objectiva.


Papel directo (1885-1920): processo fotográfico de três camadas - papel, barita e gelatina (ou colódio), na qual se encontram os grãos de prata fotolítica (é um POP). Por vezes torna-se difícil saber se o meio ligante é colódio ou gelatina.



Papel de revelação (1920-1965): processo habitual na fotografia a preto e branco. Utiliza a prata filamentar e é exposto a uma pequena quantidade de luz, formando-se a imagem latente. A revelação é química (DOP). É um processo de três camadas que utiliza a barita, ou mais recentemente (>1970), papel coberto com resina (RC).


(fotografia do autor)


Provas policromáticas (1965-1995): As fotografias em processo cromogéneo caracterizam-se pela presença de corantes orgânicos nas cores ciano, magenta e amarelo, formadas durante o processamento. O Kodachrome (diapositivo) lançado pela Kodak em 1935, foi o primeiro exemplo de fotografia cromogénea a ser oferecido comercalmente.

(fotografia do autor)


5- EXPERIÊNCIAS



Muybridge, Eadweard - Fotografou pessoas e animais utilizando fotos sucessivas. Neste caso e face à discussão sobre se o cavalo a galope, alguma vez, tem os quatro membros no ar, colocou diversas câmaras que disparavam quando o cavalo passava. No conjunto das fotografias verifica-se que, de facto, há alturas em que os quatro membro estão no ar. Na fotografia (do autor), um cavalo Alter Real da Escola Portuguesa de Arte Equestre (com os quatro membros no ar).

 
 
 

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Orgulhosamente criado por Manuel Moreira Braga

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